ATA DA SEGUNDA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA
COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 12-01-2005.
Aos doze dias do mês de
janeiro de dois mil e cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Às nove horas e trinta minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adeli Sell, Elói Guimarães, Luiz Braz, Maristela Maffei, Mauro
Zacher, Nereu D'Avila e Raul Carrion, Titulares. Ainda, durante a Reunião,
compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini,
Clênia Maranhão, Ervino Besson, Maristela Meneghetti, Professor Garcia,
Sebastião Melo e Valdir Caetano, Titulares, e Cláudio Sebenelo, Comassetto,
Elias Vidal, Manuela, Margarete Moraes e Neuza Canabarro, Não-Titulares.
Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Reunião
de Instalação e da Primeira Reunião Ordinária da Comissão Representativa, que deixaram de ser votadas, em face da
inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados pela
Vereadora Neuza Canabarro os Pedidos de Providências nos 008, 009,
010, 011 e 012/05 (Processos nos 0296, 0299, 0302, 0303 e 0304/05,
respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 118, 122,
125, 128, 130 e 152/04, do Senhor Marcos Chagas Gomes, Coordenador-Geral do
Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome; 264/04, do Senhor Paulo Roberto Teixeira Guerra, Gerente da
GTES/GEFIN/GF do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES;
366/04, da Senhora Elaine Rodrigues Santos, Ordenadora de Despesas do
Ministério da Cultura; 557/04, do Senhor André Luiz de Figueiredo Lázaro,
Diretor de Desenvolvimento e Articulação Institucional do Ministério da
Educação – MEC; 1293/04, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Gerente de
Desenvolvimento Urbano da Caixa Econômica Federal – CEF; 1515 e 2732/04, do
Senhor Paulo César Hack, Gerente de Desenvolvimento Urbano da Caixa Econômica
Federal – CEF. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento verbal de autoria
do Vereador João Antonio Dib, formulado na 1ª Reunião Ordinária, realizada no
dia seis de janeiro do corrente, solicitando que o tempo destinado aos Senhores
Vereadores, no período de Comunicações, durante a 1ª Comissão Representativa,
fosse reduzido de dez para cinco minutos. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli
Sell lamentou o fato ocorrido no dia nove de janeiro do corrente, no Bairro
Cidade Baixa, quando dois vestibulandos negros deixaram de comparecer ao
concurso vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, por
terem sido abordados para averiguação por soldados da Brigada Militar. Ainda,
discutiu a questão da falta de segurança no Centro de Porto Alegre. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Manuela, ressaltando que o caso dos dois
jovens negros que perderam o vestibular deve ser tratado como tema de racismo,
enalteceu a importância da inclusão social por meio de políticas públicas favoráveis
aos mais necessitados. Sobre o assunto, afirmou que deve ser averiguada a
conduta dos policiais envolvidos nesse caso e defendeu que esses jovens tenham
nova oportunidade de refazer as provas das quais não puderam participar. Em COMUNICAÇÕES,
a Vereadora Clênia Maranhão reportou-se ao caso dos dois jovens barrados por
Policiais Militares por estarem em conduta considerada suspeita quando se
dirigiam para as provas do concurso vestibular da UFRGS, comentando que esse
episódio indica que vivemos em uma sociedade discriminatória. Nesse sentido,
defendeu a implantação de políticas onde, principalmente, os agentes públicos sejam
preparados para as questões dos Direitos Humanos. O Vereador Ervino Besson avaliou
o pronunciamento do Vereador Adeli Sell, justificando que, nem sempre, as falhas
na segurança pública podem ser atribuídas exclusivamente aos órgãos policiais.
Nesse sentido, atribuiu parcela do problema ao Poder Judiciário, mencionando
caso de arrombador de carros que atuava na Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, preso e solto depois de algumas horas,
isentando a Brigada Militar nessa situação. O Vereador Luiz Braz referiu-se à
notícia publicada hoje no jornal Zero Hora intitulada “Fogaça ouve queixas de
secretários em reunião”, a respeito de reunião realizada entre os novos
integrantes do Executivo Municipal, na qual os Secretários relataram ao Senhor
Prefeito a situação em que receberam suas Secretarias. Ainda, registrou ter
visitado as casas de bombas do Departamento de Esgotos Pluviais – DEP, tendo
constatado que essas instalações estão em péssimo estado. A Vereadora Maristela
Maffei discorreu sobre a importância do programa Fome Zero, do Governo Federal,
ressaltando a tradição do povo gaúcho em ajudar o próximo. Em relação ao
assunto, lembrou as parcerias firmadas entre o Poder Público e entidades
privadas da Cidade e a criação do Comitê Gestor Fome Zero Porto Alegre, no mês
de abril do ano passado, ressaltando que essas medidas estão ajudando
principalmente as crianças com maiores necessidades nutricionais. A Vereadora
Maristela Meneghetti pronunciou-se sobre o aumento da carga tributária no
Estado do Rio Grande do Sul, principalmente do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS, alegando que isso prejudicará indiretamente
a oferta de empregos nas empresas e instituições gaúchas. Também, enfatizou ser
contra o aumento da carga tributária no País, manifestando-se favoravelmente à
geração de empregos, por meio de incentivos fiscais. O Vereador Mauro Zacher,
realçando que o País tem a maioria da sua população composta por jovens,
discutiu a proposta do novo Prefeito Municipal de criar a Secretaria da
Juventude, justificando ser esse um investimento para o futuro. Ainda, relatou
que ontem protocolou nesta Casa Requerimento que solicita criação de Comissão
Externa para fiscalizar as casas noturnas, bares e restaurantes, na busca de
segurança e preservação da saúde dos adolescentes. O Vereador Bernardino
Vendruscollo prestou esclarecimentos a respeito do Projeto de Lei do
Legislativo nº 011/05, de sua autoria, que cria o Conselho Superior de Cultura
Tradicionalista Gaúcha no Município de Porto Alegre. Dessa forma, anunciou que
esse Conselho, teria como principais objetivos, além de apoiar o tradicionalismo
gaúcho, a responsabilidade de administrar o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.
O Vereador Raul Carrion destacou a visita realizada ontem pelo Senhor Luiz
Inácio Lula da Silva, Presidente da República, ao Município de Veranópolis,
para a inauguração da Usina Hidrelétrica de Monte Claro, enfocando a economia
que o Estado fará em gastos com energia, a partir da entrada em funcionamento
dessa Usina. Também, elogiou o apoio dado por Secretarias Municipais aos
moradores atingidos por incêndio ocorrido no condomínio Recanto da Lagoa, no
Bairro Rubem Berta. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson,
registrando ter participado da inauguração da usina hidrelétrica em Veranópolis,
ontem, enalteceu o trabalho da Ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, na
condução desse Ministério. Ainda, declarou que apóia o programa do Governo
Federal, de construção de pequenas usinas elétricas, e que esse é um dos
caminhos para o desenvolvimento do Brasil. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Todeschini
contestou as informações acerca da administração do Partido dos Trabalhadores
em Porto Alegre, manifestando-se acerca dos investimentos feitos na Cidade pelo
PT nos últimos dezesseis anos. Nesse contexto, deu exemplos de obras de melhorias
realizadas nas áreas do saneamento básico, pavimentação, infra-estrutura,
educação e assistência social e apresentou dados referentes à ampliação da rede
de esgotos no Município. O Vereador Sebastião Melo reportou-se aos problemas
que, segundo Sua Excelência, o atual Governo Municipal herdou do Partido dos
Trabalhadores, citando como exemplo a questão do tratamento da água e dos
esgotos. Também, alegou que o atual Prefeito não está fazendo nenhum tipo de
acusação em relação ao Governo do Partido dos Trabalhadores em Porto Alegre,
apenas solicitou aos integrantes do Executivo um inventário da situação em que
se encontram as Secretarias Municipais. O Vereador Aldacir Oliboni comentou a
inauguração da Hidrelétrica Montes Claros, ontem, em Veranópolis, ressaltando
ter percebido um clima de otimismo e motivação do empresariado presente naquela
solenidade, em investir no Rio Grande do Sul e no Brasil. Nesse sentido,
afirmou que o otimismo que o Governo Federal tem transmitido aos investidores
não era visível nos últimos anos e que agora o Brasil parte rumo ao
desenvolvimento com segurança e tranqüilidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Luiz Braz lembrou que as obras de construção da Usina de Veranópolis
foram iniciadas durante os Governos do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso
e do ex-Governador Alceu Collares e que o atual Governo Federal apenas concluiu
essa hidrelétrica. Ainda, declarou que o Partido dos Trabalhadores, quando na
oposição, sempre teve um comportamento pessimista em relação ao desenvolvimento
do Brasil. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Comassetto contraditou as afirmações do
Vereador Luiz Braz, em Comunicação de Líder, explicando que o Presidente da
República está implementando as condições para colocar o Brasil no caminho do reconhecimento
mundial. Também, dissertou sobre a postura de oposição propositiva que o PT irá
adotar em relação ao Governo Municipal, com o intuito de melhorar as condições
da Cidade. A Vereadora Neuza Canabarro debateu a questão do racismo no País,
avaliando como imorais as afirmações de que não existe preconceito na sociedade
brasileira. Sobre a matéria, citou ocasião em que o Deputado Alceu Collares foi
barrado numa festa por ser negro e mencionou, ainda, sua participação em evento
oficial nos Estados Unidos da América, quando discorreu sobre a temática do
racismo. Finalizando, defendeu a igualdade de condições entre homens e
mulheres, baseada na competência e na postura. O Vereador Professor Garcia
referiu-se à reunião ocorrida ontem, nesta Casa, com os Vereadores eleitos no
Rio Grande do Sul pelo Partido Socialista Brasileiro, onde foram debatidos
temas diversos, como as técnicas legislativas, a criação dos Conselhos
Municipais dos Direitos da Mulher, as relações dos Parlamentos com a mídia e a
formação de um banco de projetos, que possa servir para disseminar pelo Rio
Grande do Sul as iniciativas de interesse global da sociedade. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, o Vereador Professor Garcia demonstrou sua satisfação pelo fato de o
primeiro Projeto a ser sancionado pelo Prefeito José Fogaça ser o
“Disque-Solidariedade”, de sua autoria, que propõe a criação de uma central
publica de arrecadação e distribuição de doações. Também, discursou sobre a
necessidade de se criarem mecanismos para a inclusão dos menos favorecidos nas
faculdades privadas do País. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador Elói Guimarães
examinou a possibilidade de convocação extraordinária desta Casa, a pedido do
Prefeito Municipal, durante o atual recesso parlamentar, esclarecendo que este
Legislativo funciona sem interrupções durante todo o ano. Ainda, refletiu sobre
a participação da ausência da imprensa no dia-a-dia da Câmara Municipal de
Porto Alegre, propondo visita aos órgãos de comunicação, a fim de que a
divulgação das atividades legislativas seja restabelecida. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Sebastião Melo posicionou-se a respeito da questão tributária
brasileira, criticando o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo
aumento de impostos no País. Nesse contexto, traçou um paralelo entre as
políticas econômicas dos Governos Estadual e Federal, alegando que, ao passo
que a carga tributária federal aumenta, a distribuição dos recursos para Estados
e Municípios diminui. A Vereadora Maristela Maffei, respondendo as críticas do
Vereador Sebastião Melo, salientou que o Partido do Movimento Democrático
Brasileiro participa das esferas de Governo Municipal, Estadual e Federal.
Nesse sentido, protestou contra o aumento nos impostos estaduais, mencionando
que Deputados desse Partido votaram favoravelmente a essa proposição e
declarando que quem irá arcar com as conseqüências dessa política serão os
pequenos e médios empresários. Às doze horas e dois minutos, constatada a inexistência
de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os
Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Elói Guimarães, Aldacir
Oliboni e Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Nereu D'Avila. Do que eu,
Nereu D'Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos às
Na
Reunião passada da Comissão Representativa, propôs-se que, ao invés de dez
minutos, o tempo de Comunicações fosse de cinco minutos, e há quase que um
consenso nesse sentido. Quero colocar ao Plenário essa alteração para todo o
período da Comissão Representativa.
Em
votação a proposta de alteração do tempo do período de Comunicações de dez para
cinco minutos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADA.
Então, fica estabelecido que a partir desta data,
durante a Comissão Representativa, ao invés dos dez minutos estabelecidos no
Regimento, por acordo de todos, serão cinco minutos para cada orador.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ADELI
SELL: Meu caro Presidente, Ver. Elói Guimarães; minhas colegas Vereadoras,
colegas Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, eu me obrigo a tratar de
um assunto de muita gravidade nesta tribuna, que é a questão da Segurança
Pública, ou melhor, da insegurança a que somos submetidos. Eu já havia
planejado falar da insegurança do Centro, da violência, dos roubos, mas sou
obrigado, hoje, a fazer uma ligação com um problema que houve nesta semana,
anteontem mais precisamente, quando dois jovens iriam prestar o exame
vestibular, estavam próximos ao colégio, aqui na Cidade Baixa, correndo e foram
presos pela Brigada Militar como se ladrões, punguistas ou marginais fossem.
Eram jovens, como disse uma jornalista, não-brancos.
Enquanto isso acontece - uma trapalhada que gera
uma grande injustiça, porque esses dois meninos perderam o vestibular -, uma gangue
visível de brancos, na Rua Duque de Caxias, no Centro da Cidade, não é vista
por ninguém. Na Rua Jerônimo Coelho, na semana passada, não um, mas vários
estabelecimentos foram arrombados, pessoas foram assaltadas na Rua Marechal
Floriano. Eu venho denunciando, desde o ano passado, um muquifo que existe no
Centro: primeiro era na Rua Dr. Flores, onde se fazia um grande depósito de
frutas, que nós fechamos várias vezes quando estivemos na Secretaria, agora se
mudou para a rua vizinha, Rua Vigário José Inácio, ao lado do número 799. Ali
se escondem marginais, que saem pelos fundos, que infernizam a vida de todos os
comerciantes do Centro da Cidade, e ninguém vê.
No Mercado Público, na semana passada, às 19h20min,
um comerciante, dentro do Mercado Público - e há a segurança do Mercado
Público, mas não há um brigadiano no seu entorno -, sofreu um assalto a mão
armada, inclusive com a ameaça de que vão voltar e matar o cidadão; foram
roubados mais de cinco mil reais. Ninguém vê. Ninguém vê.
Os marginais da Av. Borges de Medeiros, os doze,
treze, catorze, quinze punguistas que estão todos os dias lá - está aqui o
Presidente da Associação do Centro, João Elbio, que se tem dedicado a esses
temas, sabe do problema -, têm parceria com alguns vendedores ambulantes, não
todos, mas com alguns: enquanto as pessoas compram, se eles vêem que têm
dinheiro, fazem sinais para os marginais assaltarem; quando têm correntinha de
ouro, relógio, telefone celular, eles fazem sinal para roubar. Ninguém vê!
Mas dois jovens que vão prestar vestibular, que
estão correndo, são negros, aí são marginais. Quando vamos parar com isso? A
culpa é da Brigada Militar, do brigadiano que prendeu? Claro! Falta formação,
falta capacitação, falta orientação. Mas faltam dez mil brigadianos no Rio Grande
do Sul; ninguém vê! Parece que a Segurança no Rio Grande do Sul é uma
maravilha, Porto Alegre é uma “Brastemp”. Não.
Os vendedores de vale-transporte e de tíquetes que
vimos nós denunciamos no dia seguinte ao assalto na Trensurb, atrás do Mercado
Público, eu conheço um por um, e todos têm passagem na Polícia. E a Polícia não
vê; a Brigada não vê. Ninguém vê! Onde nós vamos parar?
Os arrombamentos na Rua Jerônimo Coelho, a
insegurança da Av. Salgado Filho ninguém vê! Na Av. Borges de Medeiros, repito,
todos são conhecidos da Polícia, batem carteira o dia inteiro. Vão continuar?
Nós queremos saber, caro Ver. Ervino Besson.
O Sr. Ervino
Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Cheguei há pouco,
ouço o seu pronunciamento e gostaria de fazer uma pergunta a V. Exª: será que a
polícia é totalmente culpada ou é a nossa justiça? Por que digo isso a V. Exª?
Porque, quando fui seqüestrado, e V. Exª sabe o drama que a minha família
passou há poucos dias, um sargento da Brigada fez o seguinte relato: durante
uma semana, ele fez uma campana, com mais dois policiais, na PUC, onde há um
assaltante que já arrombou mais de cem veículos, ele prendeu - foi uma festa; e
isso é dinheiro público - três homens. Eles conseguiram prender o marginal que
arrombou cem veículos, mas prenderam o assaltante pela manhã, e, à tarde, ele
já estava solto. O Poder Judiciário tem de ter a sua responsabilidade também,
pois hoje funciona de uma forma duvidosa.
O SR. ADELI
SELL: Eu fui muito bem atendido pelo Major Rodrigues, faço um
elogio a ele, ao Coronel Costa, que é o nosso Comandante. Eu disse que faltavam
policiais e que o problema não é necessariamente da Brigada, já disse que quem
fornece liminares, quem solta bandidos na Cidade é o Judiciário do Rio Grande
do Sul! Essa é a questão! Esse é o debate que nós vamos fazer, porque nós
também sabemos que fica muito mal para um policial militar prender um sujeito
hoje, e depois soltarem. Nós temos de pedir prisão preventiva de alguns deles.
Não se trata aqui daquele roubo de ladrão de
galinha, como costumamos falar; estamos falando de profissionais do roubo;
estamos falando de crime organizado. Portanto, eu cobro aqui do Poder Público
uma ação enérgica de combate à insegurança, aos roubos, aos assaltos e
arrombamentos, principalmente no Centro de Porto Alegre.
Vou repetir o que disse em dezembro: embaixo do
Viaduto Loureiro da Silva, embaixo do Viaduto da Conceição, é a mesma coisa.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Almerindo Filho está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.)
A Verª Manuela está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA.
MANUELA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; Ver.
Adeli, ao ouvir a sua fala, recordei-me da manhã de ontem quando tomei
conhecimento da notícia dos dois jovens negros que foram parados pela nossa
Brigada Militar e passei a refletir, a discutir esse acontecido com mais alguns
colegas do movimento estudantil. A conclusão a que eu chego - é sobre isso que
gostaria de falar aqui - é que esse fato vai muito além, e o debate sobre ele
deve ser muito mais profundo do que a questão da Brigada Militar. É evidente
que o debate da segurança passa por isso, porque foram dois jovens que estavam
correndo e foram barrados, e, simultaneamente - como disse o Secretário Isaac,
ontem, num programa de TV -, estavam acontecendo dois assaltos no bairro Bom
Fim, pela manhã, e essas pessoas não foram interceptadas pela Brigada Militar.
Esse deve ser tratado como tema de racismo no nosso País. Eu acredito que quase
todas as instituições brasileiras seriam passíveis de tal atitude no nosso
País. Num País onde, por muitas vezes, ouvimos a população ou mesmo
autoridades, dirigentes, políticos e partidários afirmarem que não existe o
racismo; essa cultura de preconceito com o negro é muito forte e muito
impregnada em quase todas as instituições da sociedade.
Eu diria que, embora não exista justificativa para
a atitude dos dois brigadianos, nós podemos compreender o motivo de dois negros
serem parados quando correm para prestar vestibular e o porquê de se acreditar
nisso. A realidade do nosso País nos mostra que, hoje, apenas 16% dos
universitários são negros. Então, como não acreditar!? Qual é a cara da
universidade neste País? É a cara do branco ou da branca e não a cara do negro.
Por isso, nós devemos trabalhar isso dentro da inclusão da juventude neste
País, dentro da perspectiva da inclusão desses jovens negros em políticas
públicas.
Devemos compreender o que significa um ano na vida
de alguém ou um ano na universidade, na construção da cidadania dessas pessoas.
Nós devemos lutar para que esses dois jovens negros não percam este ano e
devemos trabalhar para a inclusão de milhares de outros jovens negros de fato
na cidadania e na vida plena da sociedade brasileira. Acho que, se trabalharmos
com a perspectiva de uma reforma universitária que inclua os negros e as negras
na universidade, que consiga de fato desenvolver a igualdade do acesso ao
ensino, nós estaremos fazendo com que esses dois jovens não percam um ano, mas
ganhem na batalha pela inclusão social deste País.
Nós devemos estar atentos, a Universidade Federal
do Rio Grande do Sul tem regras que são claras quanto ao procedimento do
vestibular, não existe possibilidade de abrirmos exceções permanentes, muitas
fatalidades acontecem. Agora, nós devemos averiguar a possibilidade de um
reingresso desses dois estudantes, da possibilidade de efetuarem uma nova
avaliação fora do prazo e, sobretudo, averiguar também, com os brigadianos
presentes, o motivo de apontarem uma arma para um adolescente sem justificativa
nenhuma, sem argumento nenhum. Aí são dois debates diferentes: o primeiro é o
da cultura racista de fato, preconceituosa, deste País, que permeia todas as
instituições; o segundo debate é sobre as atitudes constantes e permanentes da
Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, quando trata as pessoas dos
movimentos sociais como criminosas e quando lida com a juventude deste Estado,
sacando armas, por exemplo, como fez anteontem para um jovem adolescente negro,
sem justificativa e sem motivo nenhum.
Acredito que este deve ser o espaço para fazermos
com que esses jovens reingressem na batalha pela construção dessa inclusão de
uma universidade justa e democrática no nosso País. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) A Verª Clênia Maranhão está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, acho que
nenhuma Bancada desta Casa pode, neste dia, não se referir aos fatos já aqui
citados pela Ver. Manuela: atos de racismo, preconceito, discriminação
exercidos contra dois jovens negros que, assim como milhares de jovens no Rio
Grande do Sul, se dirigiam às provas do vestibular. Eu acho que esse fato
lamentável e injustificável reflete com muita nitidez uma sociedade
absolutamente discriminatória, em que as suas instituições reproduzem esse tipo
de comportamento.
Outro dia, eu participava de um debate junto com o
Senador Cristóvão Buarque, e ele dizia que, neste País, nós ainda precisamos
terminar dois processos fundamentais para a consolidação do processo
democrático: o abolicionismo e a república. Essas duas questões fundamentais
para a sociedade moderna no Brasil ainda não estão plenamente consolidadas, e
isso é comprovado em fatos cotidianos da sociedade brasileira; fatos que devem,
sim, ser denunciados; fatos que devem ser apontados como atos sobre os quais o
mundo político tem de se debruçar.
Eu acredito que um fato lamentável desse porte tem
de motivar esta Casa para que incentivemos, instiguemos as instituições
públicas, os Poderes deste País, o Governo do Estado, a Prefeitura de Porto
Alegre, o Governo Federal, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário a
compreender e a decidir por implantação de políticas públicas, inclusive que
sejam construídas para dentro das próprias máquinas do Estado. Os cursos de
direitos humanos, as temáticas raciais, de gênero são temáticas do processo
civilização de qualquer sociedade, portanto elas têm de estar incluídas nos
cursos de formação dos agentes públicos. Porque, enquanto a questão racial, a
questão de gênero, a questão dos Direitos Humanos não forem consideradas pelos
governantes deste País como questões fundamentais na busca de uma sociedade
efetivamente democrática, igualitária, sem preconceito, sem discriminação, nós
estaremos, repetidamente, vendo ações de violência racial praticadas por
agentes públicos contra pessoas da sociedade brasileira, pessoas, em geral,
pobres, negras, muitas vezes crianças ou mulheres em situação de
vulnerabilidade.
Portanto, eu acho fundamental que esta Casa debata
sobre a questão lamentável vivida por dois jovens, e eu não sei ainda como
poderão ser redimidos por essa violência do Poder Público, no sentido de
construirmos novas formas de convivência, novos pactos de dignidade de relações
entre as pessoas.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ERVINO
BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e
senhores que nos acompanham nas galerias e também através da TVCâmara, quero
saudar a todos. Eu ouvi uma parte do pronunciamento do Ver. Adeli, e ele,
inclusive, concedeu um aparte a este Vereador. Os fatos que acontecem no nosso
Rio Grande, na nossa Porto Alegre, no que se referem à questão da segurança,
são extremamente preocupantes. Hoje toda a culpa pela insegurança cai em cima
da nossa Polícia, e todos nós sabemos a situação em que ela vive: falta de
efetivo, falta de equipamentos para que possa exercer seu trabalho de uma forma
mais segura para eles mesmos e para dar segurança ao nosso povo.
A pergunta que quero fazer a esta Casa e à nossa
Justiça... Quero me dirigir ao nosso Poder Judiciário, com todo o respeito: os
crimes mais brutais que acontecem em nossa Cidade são praticados por homens
condenados, fugitivos das nossas penitenciárias, homens que estão em regime
semi-aberto ou em liberdade condicional.
Usei um aparte que o nobre Ver. Adeli Sell me
concedeu para relatar um fato que nem gosto de falar, pois foi um drama que
aconteceu com minha família, em que a Brigada me atendeu muito gentilmente; com
toda a dificuldade e desespero da minha família, da minha filha, o Capitão da
Brigada chegou lá com o Sargento e, preparados, graças a Deus, conseguiram
acalmar a situação naquele momento tão dramático.
O Sargento relatou, caro colega Ver. Adeli Sell,
repito mais uma vez nesta tribuna, que por uma semana estavam lá com alguns
homens e prenderam o elemento que arrombou diversos veículos, conhecido na PUC
por muitos de seus estudantes. A Polícia presta um trabalho social, e esse foi
um dia de êxito para a nossa Brigada, mas esse elemento foi preso pela manhã e,
à tarde, já estava solto. Vou cobrar de quem isso? Da nossa Polícia ou do nosso
Poder Judiciário?
Passou pela cabeça de alguém que o Melara ou outro,
quando colocados no regime semi-aberto ou na liberdade condicional, que é quase
a mesma coisa, minha cara colega Verª Neuza Canabarro...não fogem se não
quiserem. Eles têm todas as condições de fugir no momento em que quiserem, na
hora em que quiserem. A Polícia é culpada disso? Vamos culpar a Polícia por
esse fato que aconteceu, como outros tantos? A pessoa vai pescar, tem hora de
lazer, e eles estão lá, permanecem lá... Na hora em que eles bem entendem,
enfim, na hora em que eles quiserem fugir, eles fogem. E V. Exas
sabem o que custa isso para os cofres públicos? Há todo esse aparato policial
hoje no nosso Rio Grande, e não só no nosso Rio Grande, mas no Paraná, em Santa
Catarina e em outros Estados tentando prender o Melara. E, com isso, deixam de
atender o nosso povo, porque o enorme aparato policial que foi destacado para
tentar prender o Melara é muito grande. A Polícia enfrenta extremas
dificuldades, com falta de efetivo, com falta de equipamentos. Então, o que
acontece? Retiram os policiais que teriam de estar nos locais de trabalho,
porque o efetivo é pouco, para tentar prender o Melara.
Então, eu acho que esta Casa, o Senado da
República, a Câmara Federal, as Assembléias Legislativas, as Câmaras Municipais
terão de fazer um trabalho também, fazer a sua parte, para que essas nossas
instituições façam um trabalho mais integrado, juntamente com a comunidade,
ouvindo a população da nossa Porto Alegre e de outros Municípios. Enfim, o
Poder Judiciário tem de ouvir o povo sobre o que o povo pensa disso. O que o
povo pensa? Porque hoje um traficante, um bandido tem muitos recursos.
Portanto, fica aqui mais este meu pronunciamento.
Para encerrar, meu caro Presidente, acho que cada vez mais Parlamentos,
entidades e instituições têm de estar mais juntos para que possamos, sim,
reverter esse quadro de uma forma que a nossa população tenha dias melhores e
uma melhor segurança, pois hoje, lamentavelmente, tristemente, a coisa está
seguindo um caminho muito sério e extremamente preocupante. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Ver. Nereu D’Avila, Srs. Vereadores
e Sras Vereadoras, senhoras e senhores, quero cumprimentar meu amigo
Frederico Barbosa, que visita esta Câmara. Ele nos deixa muito honrado sempre
que aqui vem, foi um dos melhores tribunos que por aqui passou.
Acredito que a notícia mais importante que deve
chamar a atenção desta Casa está relacionada com a reunião do Secretariado
Municipal. Nessa reunião, muitas queixas foram feitas ao Prefeito Municipal com
relação a como cada Secretário encontrou a sua Secretaria ou o seu
Departamento. O que nos chama a atenção é algo que nós já vínhamos constatando
há algum tempo. Nós fizemos uma visita a todas as casas de bombas do DEP e
vimos que as condições eram lamentáveis. Depois, recebemos aqui a visita dos
funcionários das casas de bombas, funcionários contratados por uma empresa
terceirizada que prestava serviço para o DEP. Eles se queixavam que a
Prefeitura Municipal, através do DEP, não repassava dinheiro para a empresa, e
a empresa, por isso mesmo, atrasava seus pagamentos; as pessoas que estavam
prestando serviços nessas casas de bombas diziam que estavam lá sem ter o que
comer, sem ter o que deixar em casa e numa situação de miserabilidade, ou seja,
sem as mínimas condições de cuidar do patrimônio público. Essas pessoas traziam
para nós a realidade de todas as casas de bombas do DEP, e nós sabemos da
importância dessas casas de bombas. Infelizmente, apesar das nossas queixas,
apesar dos nossos reclamos, apesar das gestões, apesar do Ministério Público
que também entrou na ação, absolutamente nada foi feito na gestão passada, e o
DEP foi repassado para esta Administração nas piores condições.
Agora, eu vejo que o Governo Fogaça já declara que,
para que se preste um trabalho responsável nessa área, é preciso renovar essas
bombas, é preciso comprar novas bombas, é preciso fazer com que as casas de
bombas estejam aptas a trabalhar quando estivermos em perigo de alagamentos.
Mas, infelizmente, no passado, nada disso aconteceu. Cadê a previsão do
passado? Não havia, não existia, gastava-se dinheiro com áreas desnecessárias,
mas não se gastava dinheiro naquilo que era essencial. As queixas são muitas,
elas vão-se amontoando em todos os setores. Com relação ao DMAE, Ver. Carlos
Todeschini, que V. Exª dirigiu, há queixas sobre a defasagem de investimentos
na área de tratamento de esgotos em Porto Alegre. V. Exª, quando ocupa esta
tribuna, sempre acaba gastando o seu tempo só para criticar as outras gestões e
outros políticos, mas deve explicar a não-aplicação dos recursos devidos na
área de tratamento de esgotos ou, de repente, o que é que nós poderíamos ter
feito com tanto dinheiro que existia nessa área e que não foi aplicado.
Assim que as coisas têm de ser resolvidas. Os
discursos aqui não têm de ser discursos vazios, que não dizem absolutamente
nada e que se transformam apenas em críticas. E eu não estou fazendo isso
apenas para apequenar alguém ou tentar apenas destruir alguma coisa, mas
precisamos partir para uma linha em que nós vamos ajudar a construir uma nova
gestão, partindo do princípio, Ver. Nereu D’Avila, de que, no passado, houve
muita destruição, houve pouca aplicação de recursos em áreas que eram
extremamente necessárias para a vida do Município. Agora, esta gestão - e nós
vamos acompanhar de perto - precisa recuperar aquilo que não foi feito no
passado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maristela Maffei está com a palavra em
Comunicações.
A SRA.
MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, senhoras e senhores; em tempo de Comunicação, vou-me ater a um tema
que considero de fundamental importância, que é o projeto que nós temos no
Governo Federal, o Programa Fome Zero.
Nós
sabemos que há uma tradição do nosso povo gaúcho, em especial aqui em Porto Alegre,
em relação à questão da solidariedade. Nós vemos isso no dia-a-dia através de
vários exemplos, pessoas e instituições que tomam o que é seu para alcançar a
quem tem menos, mas também sabemos que isso ainda é muito pouco, até porque
esse belo gesto não liberta da dependência da doação. E precisamos e estamos
fazendo bem mais.
Desde que assumiu o Presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva, nós, da Administração Popular, em Porto Alegre,
estabelecemos o Programa Fome Zero, traduzindo-o para as necessidades locais.
Ao lado do que é realizado pelas 140 unidades de saúde, de assistência social e
da política de alimentação escolar, a Cidade selou parcerias fundamentais entre
o Poder Público e a sociedade civil, celebrando isso no dia 8 de abril do ano
passado, com a criação do Comitê Gestor Fome Zero Porto Alegre. Depois disso,
estabeleceram-se como prioridade as crianças em risco nutricional, que são
cerca de quinze mil, e suas famílias. Para que o apoio possa, efetivamente,
alcançar essas crianças, a fim de que sejam abrigadas nas Redes de Proteção
Integral, para que suas famílias tenham acesso a essas políticas necessárias
para sua emancipação, foram criados núcleos regionais. O Programa Fome Zero,
nas comunidades onde moro, junto aos postos de saúde, às unidades
assistenciais, às associações de moradores, às ONGs, aos centros
administrativos regionais, às igrejas, creches e escolas - é a comunidade viva
por meio de suas instituições de voluntários que assume junto com a família a
formação da criança em situação de risco social.
Hoje
eu ouvia aqui sobre essa questão da violência, e a gente começa a mudar a
concepção e a interpretação, porque estamos tratando da causa e não apenas da
conseqüência. E não porque nós achamos que a concepção da doação vá resolver,
ao contrário, as políticas que nós implementamos, até então em parceria com o
Governo Federal, foram justamente para acabar com a “indústria da pobreza”, com
os empobrecidos deste País, desta Cidade. Em um ano, as realizações já foram
significativas. Temos quinze núcleos do Programa Fome Zero criados, dez em
formação e mais de vinte parcerias reuniram-se ao Programa: Caixa Econômica
Federal, Banco do Brasil, Banco de Alimentos, SESC, Sindicato de Alimentos,
Sindicato dos Metalúrgicos, Hortomercado, Rede Sonae, Rede Unisuper,
Pré-Vestibular Mauá, citando assim algumas das instituições que, em conjunto
com o Governo Federal, apóiam a implementação de 24 cozinhas comunitárias e 24
hortas comunitárias.
E aqui eu quero salientar as hortas e as cozinhas
comunitárias que implementamos na comunidade da Lomba do Pinheiro e em tantos
outros bairros da nossa Cidade. A doação de alimentos, senhoras e senhores, ao
Programa Fome Zero é imprescindível pela necessidade imediata, e ela resultou
em 100 toneladas no ano passado, e 170 toneladas estão garantidas neste ano
para distribuição às famílias das crianças em risco nutricional. As cozinhas
comunitárias serão centro de referência e já estão sendo de educação alimentar
e de capacitação na área de alimentos. As comunidades e o Poder Público estão
empenhados em encontrar espaços adequados, e muitos já estão instalados nas
comunidades com os equipamentos garantidos por recursos federais.
A fome é uma condição desumana intolerável, mas na
cidade solidária nós queremos continuar garantindo a participação; para isso é
retomado hoje, através do conselho gestor, juntamente com a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, às 16h30min, na Travessa Leonardo Truda. E queremos
estar lá - queremos não, estaremos -, porque nós não vamos aceitar práticas
como as que aconteciam na Assembléia Legislativa, como, por exemplo, a do atual
Vice-Prefeito, que fazia repasses de subvenção de verbas sociais para as suas
assessorias. Nós não vamos permitir que isso aconteça, porque Porto Alegre é
uma Cidade poderosa e vai fiscalizar conosco. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maristela Meneghetti está com a palavra em
Comunicações.
A SRA.
MARISTELA MENEGHETTI: Bom-dia a todos, Sr. Presidente da Mesa, Vereadores
e Vereadoras, servidores da Casa e demais presentes, em primeiro lugar eu
gostaria de homenagear o Dr. Frederico Barbosa - ex-Vereador, ex-candidato a
Vice-Prefeito e ex-membro desta Casa, um grande tribuno -, que hoje veio nos
visitar. Uma salva de palmas, por favor. (Palmas.) Muito obrigada.
O tema sobre o qual eu fiz um esboço, rapidamente,
é sobre o aumento da carga tributária, que é a nossa base de campanha - o
aumento em si da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido e
o imposto de renda das pessoas jurídicas sobre as empresas prestadoras de
serviços. A nossa preocupação ocorre porque, durante todo o período do ano de
2003, essas empresas já sofreram um aumento, uma elevação nessa carga de 12%
para 32%; e agora, com mais esse aumento da base de cálculo para 40%, o aumento
real seria de 25%. Então, em setembro de 2003 a base era 12%, passou para 32%,
tendo um aumento real de 167% e agora aumentando 40% a partir de abril de 2005.
Então, a proposta toda sempre foi na geração de
empregos, o nosso Governo Federal sempre trabalhou em cima da promessa de dez
milhões de empregos. Pois bem, esse aumento de carga tributária poderá gerar,
nada mais, nada menos, do que 180 mil desempregos, ou seja, isso representa 10%
do total de vagas formais que foram oferecidas no ano passado com carteira
assinada, pois o setor de prestação de serviços é o setor que mais emprega no
País. A nossa luta, desde o princípio, sempre foi baseada na criação e
manutenção de pequenas empresas, empresas essas que são responsáveis
diretamente pela geração de empregos no nosso País, porque quem gera emprego
são as pequenas e médias empresas. Então, nós vamos lutar juntamente com os
nossos companheiros de Bancada para que isso não aconteça na cidade de Porto
Alegre.
O Sr.
Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Prezada Vera.
Maristela, há poucos dias, nós tivemos um grande embate no Governo do Estado
com o aumento tributário no Rio Grande do Sul. O seu Partido foi base de
sustentação, apoiou e votou o aumento tributário. Portanto, creio que V. Exª
tem toda razão em contestar a questão no Município, no Estado e na União. Eu só
queria fazer este registro.
A SRA.
MARISTELA MENEGHETTI: Eu ainda não concluí o meu pronunciamento, mas, mesmo
assim, muito obrigada.
Nobre Ver. Comassetto, enfatizo aqui que sou contra
todo e qualquer aumento de carga tributária, seja ele na esfera federal,
estadual ou municipal, e também não concordo com esse reajuste sobre os
combustíveis, energia e telecomunicações, e é por isso que vou lutar, para que
isso não aconteça na esfera municipal. A nossa base de campanha sempre foi
contra o aumento da carga tributária; trabalhar, sim, pela geração de empregos,
que é a promessa do nosso Governo Federal - dez milhões de empregos -, ainda
estamos aguardando por isso, nós aqui vamos trabalhar pela geração de empregos.
Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Maurício Dziedricki está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Mauro Zacher está com a palavra em Comunicações.
O SR. MAURO
ZACHER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e
senhores, inicialmente quero fazer a minha saudação especial ao nosso novo
Presidente, Ver. Elói Guimarães - eu não tinha tido ainda a honra de vir a esta
tribuna desde que V. Exª assumiu a Presidência desta Casa. Eu tenho certeza de
que o Vereador irá engrandecer as nossas atividades nesta Casa, porque V. Exª é
um Vereador de muito tempo, tem muito a contribuir conosco, que estamos
chegando aqui como Vereador. Enfim quero, na primeira vez que venho à tribuna,
agora como Vereador eleito - não mais como suplente, o que não foi menos
importante -, em meu mandato, agradecer a todos aqueles que nos deram a
condição de ser Vereador de Porto Alegre, que nos deram 7.703 votos e que nos
deixam muito honrados por poder representar aqui a nossa Cidade, a cidade de
Porto Alegre; a todos aqueles bairros que nos deram essa condição, amigos,
segmentos, enfim.
Para minha surpresa, recebi o convite do nosso novo
Prefeito para enfrentar um novo desafio, sem dúvida um desafio que esta Casa
sempre levou com a maior relevância: criar a Secretaria de Juventude. Essa é,
com certeza, uma inovação que nós estamos trazendo para Porto Alegre, não só no
sentido de dar uma atenção especial aos jovens da nossa Cidade, mas de trazer
os jovens para a construção de uma cidade com visão social, justamente com a
sua participação na nova gestão. Esse é o grande diferencial, sabido que isso
hoje é prioridade para todos os Governos, sabendo da importância que a
juventude traz ao nosso futuro, e é para o nosso futuro que vem esse
investimento grande na juventude. O Brasil nunca teve uma população tão jovem
como tem neste momento, na faixa de idade entre os 16 e 24 anos, representando
um grande percentual da nossa população, e aí a grande importância de nós
darmos um tratamento diferencial ao jovem. Por isso, fui seduzido por essa
proposta de criar, em conjunto com esta Casa, a Secretaria da Juventude. Tenho certeza
de que podemos dar à cidade de Porto Alegre projetos específicos que dêem a
condição do primeiro emprego, que levem o nosso jovem à inclusão social e nós
podemos trabalhar fortemente no combate às drogas.
No jornal Zero Hora de domingo, o Luiz Eduardo
Soares apresentou questões muito importantes, fundamentais para as futuras
gestões das Prefeituras, e uma delas era a questão da segurança. Ele disse uma
frase muito interessante, que deve ser revelada aqui entre nós: “O foco
principal das ações deve ser a valorização da auto-estima dos jovens
vulneráveis”. Isso me motivou a perceber que nós estamos no caminho certo,
tenho certeza de que, no meu retorno - depois que esta Casa entender necessária
a criação da Secretaria Nacional de Juventude, assim como nós e o Governo
Federal, que acabou de criar a Secretaria Nacional de Juventude, entendendo
também a importância -, trarei para esta Casa números bons, sabendo que a gente
fez um grande trabalho. Conto com esta Casa para a criação da Secretaria da
Juventude, que é uma grande inovação.
Por fim, quero contar a V. Exas que nós,
ontem, protocolamos um Requerimento, em Pedido de Urgência, para a criação de
uma Comissão Externa a fim de investigar, analisar todo o processo das casas
noturnas, bares e restaurantes. Nós conhecemos o incidente que houve em Buenos
Aires e nós podemos dar um tratamento especial, importante, para que depois, no
futuro, não lamentemos não ter feito a nossa parte. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em
Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Nereu D’Avila.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. Oliboni, nosso Presidente no momento, demais
colegas Vereadores, aqueles que aqui nos privilegiam com as suas presenças nas
galerias, aqueles que nos assistem pela TVCâmara, entre os Projetos que
protocolamos nesta Casa, um deles diz respeito à cultura tradicionalista
gaúcha. Esse Projeto visa à criação de um Conselho Superior de Cultura
Tradicionalista Gaúcha. O Movimento Tradicionalista Gaúcho, com esse Conselho
aprovado, terá mais um local onde buscar guarida e orientação. Esse Conselho
não tem o objetivo de fiscalizar, coibir, mas tem, sim, o objetivo de ser um
verdadeiro conselho.
O Movimento Tradicionalista Gaúcho, o maior
movimento do Rio Grande, a nosso ver não tem o espaço que deveria ter. O nosso
Projeto traz também a criação permanente de uma chama que terá como local o
Parque da Harmonia, onde, juntamente com essa chama, vamos poder contar ali,
durante todo o ano, com representantes do Movimento, mostrando ao povo do Rio
Grande, ao povo do Brasil e do mundo, quando aqui nos visitam, a cultura do
povo gaúcho, a cultura tradicionalista gaúcha.
Achamos que a Semana Farroupilha é um movimento de
extrema importância, que cresce a cada ano e que representa a cultura dos
gaúchos, mas que quase se apagou nesta semana. Queremos manter essa
chama-motiva acesa sob a coordenação desse Conselho, que terá como incumbência
administrar o Parque da Harmonia, esse é o nosso objetivo.
Vejo que a Verª Margarete me olha espantada. Não
pretendemos tomar conta do Parque da Harmonia, mas entendemos que o Movimento
Tradicionalista Gaúcho precisa ter um espaço exclusivo, não retirando de lá
todos os eventos que ali já acontecem. Precisamos entregar a administração do
Parque da Harmonia a uma entidade ligada à Secretaria da Cultura, não querendo
apartar, mas dar um espaço maior ao Movimento Tradicionalista Gaúcho.
O Sr. Ervino
Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino,
acho que o seu pronunciamento é de uma importância enorme para nossa tradição
gaúcha. Mas ali no Parque da Harmonia há um riacho ou um esgoto, nem sei o que
é aquilo, onde proliferam mosquitos. Um evento como este, tradicionalista, que
reúne milhares e milhares de pessoas, tem de ter um pouco mais de cuidado e até
respeito com as pessoas que para lá vão. Inclusive, na entrada do Parque há um
tipo de piscina, grande, ali também se proliferam os mosquitos. Acho que nós
temos de nos reunir para recuperar o Parque da Harmonia, que se encontra em
extrema dificuldade, inclusive trazendo problemas para a Saúde Pública. Que nós
possamos dar melhores condições para a nossa tradição gaúcha, que eleva o nosso
Rio Grande.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Muito bem, obrigado, caro colega.
Então o debate está aberto. Nós vamos novamente
dizer que o nosso Projeto não tem por objetivo proibir outros eventos, apenas
entregar a administração do Parque da Harmonia a esse órgão tão importante que
será para o tradicionalismo os gaúchos. Obrigado, Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Raul Carrion está com a palavra em
Comunicações.
O SR. RAUL
CARRION: Exmo. Ver. Aldacir Oliboni, que dirige os trabalhos, demais Vereadores e
Vereadoras, todos aqueles que nos assistem aqui e também nas suas casas; em
primeiro lugar, nós queríamos destacar o importante acontecimento do dia de
ontem, pela manhã, no Município de Veranópolis, quando o Presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, veio ao Rio Grande do Sul - prestigiando
o nosso Estado - inaugurar a primeira turbina da Usina Hidroelétrica de Monte
Claro.
Só a inauguração dessa Usina, neste primeiro
momento, significará uma economia de 25,5 milhões de reais, Verª Margarete
Moraes, de custo para o Estado, que tinha de importar energia. E em fevereiro
já deverá entrar em ação a segunda turbina, que representará uma economia que
atingirá, então, 51 milhões de reais. E tudo isso faz parte de um plano geral
de investimentos em que mais doze empreendimentos entrarão em funcionamento
neste ano, além de mais quinze hidroelétricas que estarão em construção e a
licitação de mais dezessete usinas energéticas.
Isso mostra que o Brasil supera aquela fase, Ver.
Sebastião Melo - talvez não tenha percebido os novos tempos, ainda enxerga com
as lentes do período do Fernando Henrique, o período neoliberal -, onde o
Brasil viveu o chamado apagão, a ponto de Fernando Henrique, Ver. Ervino, ser
conhecido como “o príncipe das trevas”, porque entregou toda a infra-estrutura
de energia, levando o Brasil para o apagão. É um outro tempo que se inaugura. O
Presidente Lula se referiu a um novo tempo, dizendo que o Brasil vive um
momento extraordinário, e ninguém tem o direito de pensar pequeno. O século XXI
servirá para transformar o Brasil numa verdadeira Nação, respeitada no mundo
inteiro, deixará de ser aquele gigante adormecido, Ver. Comassetto. Temos de
saudar isso. Tenho certeza de que o Ver. Ervino também vê com alegria a pujança
que a economia brasileira começa a desenvolver. O Brasil é uma grande Nação,
mas isso não quer dizer que estejamos concordes com toda a política econômica.
O Presidente Lula ainda sofre a pressão do setor que ainda tem saudades do
neoliberalismo.
Termos ainda, digamos, o superávit primário de 85
bilhões de reais não se justifica; de mais de 5%, não se justifica. Temos de
chegar no momento das grandes taxas de desenvolvimento, de 8%, 9%, como a China
há 20 anos tem. Mas já estamos no bom caminho com 5%.
O Sr.
Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Contribuindo com a
sua exposição, esse belo projeto inaugurado ontem pelo Presidente da República
foi um projeto da administração Olívio Dutra, quando a então Ministra Dilma era
Secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. Portanto, um projeto que
traz empreendimentos para o Rio Grande do Sul.
O SR. RAUL
CARRION: Bem lembrado, e mostra o trabalho sério que vinha sendo feito.
Queria, num segundo momento, tratar da questão - já
referida anteriormente - do incêndio no Recanto da Lagoa, no bairro Rubem
Berta, onde seis casas e uma igreja foram incendiadas.
Fiz um contato, naquela ocasião, semana passada,
com o gabinete do Prefeito, com a Defesa Civil e quero trazer o retorno. Quero
dizer que a FASC lá esteve providenciando cestas básicas, colocando diversos
colchonetes, creio que catorze colchonetes, à disposição; o DMLU fez uma
limpeza no local, a SMOV fez uma terraplenagem e o DEMHAB colocou seis kits habitacionais para os moradores:
três casas e três kits para as casas
que não haviam sido totalmente destruídas. Nós já encaminhamos um ofício de
agradecimento à Defesa Civil, registrando o nosso contentamento com o pronto
atendimento à reivindicação que fizemos ao Município, que nada mais é do que a
obrigação, mas devemos, evidentemente, registrar quando o Poder Público,
independente de Governo, age com a agilidade que se espera nessas situações.
Eu concluo, Ver. Aldacir Oliboni, dizendo que esse
problema é grave, tivemos um incêndio, há pouco tempo, na Vila dos Papeleiros,
tivemos há poucos dias um incêndio aqui ao lado, no Chocolatão, tivemos esse
incêndio lá no Rubem Berta, um incêndio em Cachoeirinha e nós estamos
demandando para a COHAB, há muitos meses, Ver. Sebastião Melo, o encaminhamento
de uma solução para a situação da Vila do Campo, lá no Rubem Berta.
Quero dizer que estivemos lá na COHAB e,
diferentemente da agilidade que a Defesa Civil demonstrou em Porto Alegre, até
hoje não tivemos um retorno e uma solução do órgão estadual, até, como foi
extinto pelo Britto, da COHAB. Vou voltar e espero os seus empréstimos para,
juntos, pedirmos uma solução ágil, porque esses problemas de incêndio são muito
graves, são problemas de uma rede precária na Vila do Campo. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO
BESSON: Ver. Oliboni, presidindo os trabalhos da Sessão neste momento, Srs.
Vereadores, Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e
também pela TVCâmara, saúdo a todos.
Ver. Raul Carrion, ontem nós estivemos em
Veranópolis, e, sem dúvida nenhuma, foi um fato que trouxe orgulho para o nosso
Rio Grande, porque é mais uma usina. Existe um plano do Governo Federal de
serem construídas mais 35, 40 usinas - pequenas usinas extremamente importantes
para o fornecimento de luz elétrica. Nós temos a Itaipu, que é uma usina,
claro, necessária, mas de um tamanho enorme, e a gente não sabe o que
acontecerá no dia de amanhã. Vamos supor que venha a ocorrer um acidente - no
mundo de hoje acontecem coisas, pois a natureza é imprevisível -, queira Deus
que nunca aconteça nada de grave em Itaipu, o que aconteceria com a nossa
energia? Então, sem dúvida nenhuma, é um excelente programa.
Ver. Raul Carrion, eu quero destacar a V. Exª que o
ex-Governador do Estado Dr. Alceu de Deus Collares já tinha esse projeto de
pequenas usinas espalhadas pelo nosso Rio Grande. Inclusive a Dilma, cujo
trabalho foi muito bem destacado pelo próprio Presidente da República e por
todas aquelas pessoas que se pronunciaram ontem, é uma pessoa oriunda do
Partido Democrático Trabalhista. O seu convívio com as pessoas, com a
comunidade, ela levou esse conhecimento quando saiu do PDT. E levou tudo aquilo
que apreendeu no convívio conosco, um programa de Governo para este nosso Rio
Grande, para este nosso País. Hoje, sendo Ministra de Minas e Energia, muito
competente, está fazendo um belo trabalho. Um trabalho que se deu início, como
já disse, no Governo Collares, hoje ela está prestando esse relevante trabalho
para o nosso País, juntamente com o nosso Presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva.
Sem dúvida nenhuma, acho que o Governo tem que
andar junto com a iniciativa privada; cada um tem que fazer a sua parcela. E,
cada um fazendo a sua parte, dando suas contribuições, teremos um País que nós
todos esperamos. Porque temos tudo aqui no Brasil para sermos um país de
Primeiro Mundo. É só ter vontade política e seriedade que este País tomará um
outro caminho. Nós temos um País que produz alimentos em qualquer local que se
queira plantar, e com isso é possível produzir alimentos. O que falta é vontade
política.
Portanto, eu quero destacar aqui, Ver. Raul
Carrion, é que acho que todos que estiveram lá, ontem, gostaram do
pronunciamento do Lula. Eu estive lá, gostei do seu pronunciamento, foi firme,
falou com convicção, com firmeza. É isso que nós esperamos, que nós queremos do
Governo. Porque, se o País segue um caminho que os brasileiros esperam, nós
todos ganhamos com isso, porque todos somos brasileiros. Eu tenho muita
esperança de que este nosso País mude a sua trajetória - e vai mudar para
melhor. Temos condições, temos uma área extremamente produtiva.
Agora há essa solução para o problema elétrico.
Como se está vendo, temos ótimos locais para serem construídas essas pequenas
usinas. E é o caminho que temos que retomar para este País sair dessa situação
em que se encontra hoje. Agradeço ao Presidente Aldacir Oliboni, que também
esteve junto com a gente lá em Veranópolis, e, graças a Deus, fizemos uma
excelente viagem. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Carlos Todeschini está
com a palavra em Comunicações.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu tinha me preparado para fazer
uma abordagem sobre o tema da visita ontem a Veranópolis, porque, mais do que
um tema marcante, é um tema que simboliza a retomada do crescimento e dos
investimentos do Brasil em direção a um novo País.
Mas o assunto provocado aqui na tribuna é relativo
às matérias da reunião de ontem do Secretariado, quando foi alegado que a
Prefeitura foi deixada a este Governo sucateada, em condições ruins e outras
coisas similares. Eu não posso aceitar isso, porque não é verdadeiro!
E, respondendo à provocação, eu queria dizer que
aqueles que não vêem é porque não querem ver o que foi feito pela Frente
Popular ao longo desses 16 anos, quando os investimentos chegaram ao montante
de dois bilhões de reais, com recursos próprios, na sua grande maioria. Esses
recursos foram investidos em melhorias gerais da Cidade: obras de saneamento,
abastecimento de água, tratamento de esgoto, pavimentação, assistência social,
escolas, postos de saúde e muitas outras coisas. Só no DMAE, nesses 16 anos,
foram investidos mais de seiscentos milhões de reais em obras de melhoria e
expansão do sistema. Daí vieram as estações de tratamento de esgoto do Lami,
Belém Novo, Serraria, São João Navegantes, tratando dos esgotos de 14 bairros
da Cidade. Isso não é pouca coisa, e o tratamento em graus secundário e
terciário é modelar, inclusive de dar inveja a países ricos.
Quando a Frente Popular assumiu, há 16 anos, mais
de duzentas vilas não tinham água. Hoje a totalidade da cidade de Porto Alegre
tem água 24 horas por dia e de qualidade. Daí advém também a intervenção na
reconstrução do Subsistema Glória de abastecimento, Nonoai, Lomba do Pinheiro,
São José do Partenon e muitos outros lugares. Assim foram feitas também as novas
captações da ETA Menino Deus, da ETA Belém Novo, com um investimento de quatro
milhões de reais em 2002, e da ETA Tristeza, cujo projeto está pronto, em fase
de início de licitação de obras. Aqui, Vereador, se pode beber água da
torneira, coisa que não acontece, por exemplo, no Rio de Janeiro, onde o seu
Partido governa.
Vejam só, há 16 anos, eram duzentas vilas que não
tinham direito à água; o mais incrível é que isso é a realidade do País que foi
governado por aqueles que vêm aqui atacar. Há 16 anos havia cerca de 50% de
esgoto coletado e apenas 2% de esgoto tratado. Hoje a realidade é que nós,
graças aos esforços, ao profissionalismo, à dedicação, à participação e à
administração séria, chegamos à cobertura de uma malha de 84% na Cidade, com
27% de tratamento, contrapondo a realidade das metrópoles do Brasil onde a
coleta dos esgotos não chega a 30% e o índice de tratamento não chega e não
ultrapassa os 9%; aqui atingimos a marca dos 27%, com projeto encaminhado para
elevar esse índice a 77%, superando os índices de países ricos como a Itália e
muitos outros em muito melhor situação econômica do que nós.
Em relação à questão do sucateamento dos
equipamentos, dos prédios, dos automóveis da Prefeitura, também isso não é uma
verdade absoluta, pois temos a reforma do Paço Municipal, o novo prédio da
SMAM, a construção do Mercado Público e muitas outras obras civis que foram
optadas pelo Orçamento Participativo, que se alternaram entre obras da
administração e obras para as comunidades.
E aí, quando se fala aqui, faz-se discurso fácil
contra o aumento de impostos; a gente tem que ter coerência partidária, tem que
ir lá na Assembléia e votar contra e não vir aqui dizer que é contra os
impostos e depois o Partido vai lá e vota contra o povo. Portanto, façam os
discursos e tenham a coerência de cumprir com aquilo que dizem!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em
Comunicações.
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores; Ver. Todeschini, eu não vou me dedicar a esse
assunto hoje, mas acho que é uma pauta importante que V. Exª lança daqui desta
tribuna, e nós a achamos oportuna. Mas é importante dizer que Porto Alegre tem
apenas 25% do esgoto tratado, e, portanto, 75% do esgoto é jogado in natura
no Guaíba. O Projeto socioambiental, para o qual nem sequer foram captados os
recursos, se for bem sucedido na sua concepção e levada a cabo a sua execução,
nós teremos uma obra para daqui a dez, oito anos que elevará para 78% o
tratamento do esgoto.
O que justifica a caminhada não são os discursos,
mas as práticas políticas. Se nós sairmos daqui deste plenário e nos dirigirmos
a 200 metros do Guaíba, veremos que o discurso de V. Exª não casa com a prática,
porque veremos uma água sendo captada a alguns metros absolutamente poluída
para o consumo dos porto-alegrenses. Acho que fizeram o que podiam fazer, mas
“vamos devagar com o andor, que o santo é de barro”!
V. Exª teve 16 anos e, evidentemente, agora tem de
dar oportunidade a quem chega. Agora, V. Exª também sabe que, por exemplo, lá
no Conselho do Contribuinte, os senhores - que discursam para os pequenos e
governam para os grandes - têm recursos de banqueiros que há cinco, dez anos
não são julgados, enquanto que os recursos para aqueles que têm uma casinha no
Barro Vermelho que, para pagar o IPTU, têm de vender a televisão, para esses,
os senhores julgam rapidamente. Então, esta máquina pública está sucateada,
precisa ser melhorada para quem mais precisa. Nós queremos tratar disso com
muita tranqüilidade, com muito pé no chão, com muita firmeza. Vamos estabelecer
este debate.
O Sr. Carlos
Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado por sua
gentileza. Em relação ao tratamento de esgotos, são 27%, ou seja, três vezes
mais do que a média das regiões metropolitanas do País. Uma parte expressiva,
cerca de 23%, 24% recebe tratamento primário, e o Programa Socioambiental tem
condições de ser implementado em três anos, a partir da assinatura do contrato
que prevê o ingresso de recursos do BID; portanto, isso passa a ser uma
realidade muito próxima, porque as condições materiais para a implantação desse
Projeto estão dadas. Esperamos que isso aconteça.
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Ver. Todeschini, meus queridos amigos do PT, na
verdade, é o seguinte: nós achamos que o Prefeito José Fogaça está agindo com
correção, vocês não têm visto o Prefeito fazer nenhum tipo de acusação. Eu fiz
um Pedido de Informações, Ver. Ibsen, esta Casa aprovou o chamado Urbanizador
Social, que é uma tese boa - o Ver. Comassetto conhece bem essa área. Eu recebi
algumas informações, Ver. Braz, de que há um contrato aí de 300 milhões de
reais e que, na realidade, esse dinheiro está sendo gasto com consultorias de
pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores. Eu quero saber se isso é verdade.
Eu não sei se é verdade, eu pedi, eu fiz o Requerimento, porque, se há
atividade-fim, como é que eu vou estar contratando atividade-meio, se o
Convênio já foi feito logo em seguida ao Urbanizador Social? Então, nós
queremos saber. Aliás, estou requerendo todos os convênios do Governo com as
organizações não-governamentais nesses últimos tempos; nós queremos analisar,
Verª Neuza, para ver exatamente; pode ser que seja extraordinário, pode ser que
seja para atividade-fim ou pode ser que seja para atividade-meio!
Então, todas essas coisas, para nós, estão
perfeitamente sintonizadas neste debate. Eu quero debater, por exemplo, com o
Líder do Governo aqui, por que uma cooperativa em Porto Alegre, nesses 16 anos,
leva dois anos para tirar um EVU - Estudo de Viabilidade Urbanística - para
construir um loteamento para pessoas que lutam diariamente para pagar o seu
terreninho. Será que isso é para gerar mais clandestinidade de loteamentos de Porto
Alegre, que hoje chegam a mais de quinhentos e cinqüenta, e, quando o PT
assumiu, havia cento e poucos na cidade de Porto Alegre?! Esta é a política
habitacional que vêm aqui sustentar? Respeitem a memória do povo. Portanto,
muito obrigado, Sr. Presidente, pelo excesso de tempo.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ALDACIR
OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Vereadores e Vereadoras, público
que está aqui presente e o que nos acompanha pelo Canal 16, ontem, o Ver.
Ervino Besson, o Ver. João Carlos Nedel e este Vereador, como também o nobre
Ver. Carlos Todeschini e a Verª Manuela, estiveram presentes na inauguração da
hidrelétrica no Morro das Antas, mais conhecida como Hidrelétrica Monte Claro.
Nós estivemos lá representando a Câmara Municipal e achamos muito oportuna essa
presença, porque lá percebemos uma enorme motivação, não só do nosso
Presidente, não só da nossa Ministra Dilma Rousseff, mas principalmente dos
empresários em investir no Estado do Rio Grande do Sul e no Brasil. Eu tenho
convicção de que, ao contrário do que muitos políticos que falam do Governo
Lula pensam, ontem, pôde-se perceber a enorme oportunidade de otimismo que o
Governo Lula está transmitindo à população brasileira, principalmente aos
empresários, que era o contrário de há quatro, cinco, dez anos. Nós percebemos,
ontem, pelo relato do presidente desse consórcio que está laborando as três
usinas, que os elogios à nossa Ministra foram realmente muitos, e isso
demonstra claramente que os empresários têm mais tranqüilidade em investir no
nosso País. Com certeza, Ver. Comassetto e Ver. Carlos Todeschini, nós
percebemos, ontem, que existe otimismo e que o Brasil, agora, parte para o
caminho do desenvolvimento com segurança e com tranqüilidade.
O Sr. Carlos
Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero corroborar as
suas palavras, porque, ontem, foi uma grande festa e, para mim, especialmente,
um motivo de emoção mais forte, porque, naquela terra, onde estávamos
inaugurando a Usina, nasceu o meu pai. E, ouvindo os dados dos Prefeitos, por
exemplo, Veranópolis vai ter um retorno de dez milhões de reais em royalties e ICMS a cada Governo, e isso
possibilita, por exemplo, asfaltar todas as vias do Município. O Estado terá
ganhos extraordinários porque vai deixar de importar energia elétrica. E isso
indica um caminho, que é o caminho real do desenvolvimento, da competência e do
crescimento econômico, inaugurado aqui no Governo Olívio Dutra. É verdade que
técnicos que pertenceram ao Governo Collares lá estavam presentes, isso é
verdadeiro, mas o Projeto existia há 50 anos, foi a Frente Popular, no Rio
Grande do Sul, que teve coragem, iniciativa e,
sobretudo, competência para montar o consórcio que viabilizou o empreendimento.
Obrigado, Ver. Oliboni.
O SR. ALDACIR
OLIBONI: Eu é que agradeço o seu aparte. E reforço, sem dúvida, as suas palavras,
porque ontem o próprio Presidente Lula falava da importância dessa tranqüilidade
que é preciso dar aos empresários, que muitas vezes não é compreendida pelos
políticos ou por aqueles que simplesmente querem fazer oposição por oposição.
Nós percebemos ontem que Lula trazia para a Região
da Serra a possibilidade de aquela Região se desenvolver não só na questão da
agricultura, mas, principalmente, através dos grandes empresários que ali
estavam presentes, especialmente da área dos imóveis, com o que se demonstra
claramente que, se não houver um projeto estratégico para a Região, não haverá
meios de obter mais empregos, mais oportunidades para os cidadãos e para as
cidadãs. Ontem, com certeza - e esse era o comentário do retorno da nossa
viagem -, o nosso Presidente demonstrou, Ver. Besson, que essas oportunidades
devem existir, porque nós sempre ficamos aqui lutando para conseguir maior
geração de emprego e renda. Essas são as oportunidades que os empresários devem
ter para dar o retorno à população de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do
Sul.
O Sr. Ervino
Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Oliboni, eu
também saúdo o discurso de V. Exª Sabe o que é que se passou na cabeça do nosso
Presidente ontem? Pelo discurso dele, talvez, em algum momento, ele tenha-se
lembrado da falha do Governo em não ter permitido que a Ford permanecesse aqui
no nosso Rio Grande. Tenho certeza de que esse pensamento passou pela cabeça
dele. Obrigado.
O SR. ALDACIR
OLIBONI: Mas é importante, Ver. Besson, nós termos alguém que motive as pessoas,
que motive os cidadãos e as cidadãs. Eu tenho certeza de que, como o Lula disse
ontem, 2005 será o ano da demarcação para que o País se coloque num momento de
credibilidade e de motivação para todos os empresários, cidadãos e cidadãs.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ
BRAZ: Ver. Elói Guimarães, Presidente desta Casa; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, quem ouve os discursos da chamada Frente Popular
sobre a inauguração da hidroelétrica lá em Monte Claro tem a impressão de que
essa hidroelétrica foi idealizada e realizada no Governo Lula. Parece que ele
foi o Presidente que deu o pontapé inicial e levou a bola para frente.
Eu quero lembrar que essa obra tem mais ou menos
uns dez anos, Ver. Elói Guimarães. Verª Neuza Canabarro, essa obra foi iniciada
no Governo Fernando Henrique quando era Governador do Estado o Dr. Collares.
Passou pelo Olívio Dutra, veio o Rigotto, e agora ela foi inaugurada. E, é
claro, é uma obra extremamente necessária. Todos nós aplaudimos essa obra que
foi inaugurada, mas não venham fazer esse discurso demagógico, parecendo que o
Lula está inventando o Brasil, redescobrindo o Brasil. Não é nada disso. O que
está acontecendo é que realmente é uma obra necessária que começou há bastante
tempo, que foi levada durante esses Governos com os recursos que tinham e está
sendo terminada agora.
E os discursos otimistas que nós ouvimos agora só
não os ouvimos antes porque o grupo do Partido dos Trabalhadores se encarregava
de pregar o pessimismo para a população. Esse grupo do PT sempre foi useiro e
vezeiro em passar para a população que nós estávamos, na verdade, chegando à
beira do caos. E não permitiam que o Administrador pudesse fazer absolutamente
alguma coisa. Pregando o pessimismo, afastava o capital internacional, afastava
os investimentos e não permitia que o País pudesse realmente crescer. Maus
brasileiros, péssimos brasileiros, péssimos exemplos que deram para a nossa
história!
O que acontece agora? A oposição, que não é
raivosa, não tem ódio do Brasil, não luta simplesmente para ocupar o Poder,
tenta fazer com que as boas obras, com que as boas iniciativas possam receber
todo o apoio. A oposição não procura truncar as obras do Administrador. A
oposição critica, procura melhorar, procura, na verdade, colaborar, mas não
atua dessa maneira devastadora como sempre o PT agiu em todos os Governos. E
aqui está uma das vítimas dessa pregação pessimista, odiosa que o PT sempre fez
ao longo de sua história. O PT não permitiu que nós tivéssemos antes esse
otimismo que toma conta agora de todas as pessoas, porque, na oposição, não
estão os maus brasileiros que estavam antes e que agora estão governando. Eles
queriam apenas o poder. Chegaram ao poder! E a oposição, da qual o meu Partido
faz parte, está dando todo o apoio para que tudo aquilo que é necessário fazer
seja feito para que possamos ter um grande Brasil.
Se o preço que nós vamos pagar é ter o PT na
administração do País, nós vamos pagar esse preço, porque não vamos agir assim
como o PT agiu todas as vezes! Todas as vezes! São criminosos da história!
Mataram bons anos de progresso deste País! Assassinaram muitas pessoas, porque
muitos morreram de fome por causa dessa política odiosa! E agora, simplesmente,
fazem o discurso espezinhando o passado e tentando se encher de glória. Ora, se
nós levarmos a história dessa forma, continuaremos lendo os livros e tendo uma
impressão errada dos homens que fizeram o nosso passado. Nós temos que aprender
a ver o passado de uma forma mais clara. Parece que nós voltamos àquela época
da idolatria, vamos carregar uma imagem bem alta do Lula, em grandes
procissões, pelas ruas da Cidade, para idolatrá-lo, quase como um santo.
Nós temos que, ainda de acordo com o meu primeiro
discurso hoje aqui, chegar à consciência de que precisamos estar unidos para
construirmos uma grande sociedade.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Brasinha está com a palavra em Comunicações.
(Pausa.) O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O
Ver. Comassetto está com a palavra em Comunicações.
O SR.
COMASSETTO: Sr. Presidente, prezados colegas Vereadores e Vereadoras, prezados
assistentes, estava preparando minha intervenção aqui, mais objetivamente sobre
o modelo de gestão que se propõe na Prefeitura de Porto Alegre, mas sou
obrigado, pela intervenção do Ver. Luiz Braz, a buscar aqui um possível
conserto de algumas frases, de algumas expressões com as quais nós não podemos
concordar sob o ponto de vista da qualificação do debate que devemos fazer
nesta Casa. Elas se referem a uma lógica em que os brasileiros petistas são
colocados como maus brasileiros, colocam que o nosso Governo que está aí, com a
política do Presidente Lula, está matando milhares de pessoas.
Ver. Luiz Braz, Sr. Presidente, caros colegas, o
que nós temos que discutir aqui e afirmamos, sim, é uma questão de conceito. E
o conceito de gestão que o Governo Lula está desenvolvendo neste País é um
conceito de gestão que busca, que cria condições políticas para que este
gigante adormecido, que é o Brasil, se coloque no cenário nacional como um País
que reconhece o seu povo na diversidade cultural, como também busca ser
reconhecido em nível mundial, Ver. Luiz Braz. O Brasil disputa de igual para
igual uma cadeira na Organização Mundial do Comércio; o País disputa de igual
para igual uma cadeira na Comissão de Segurança Mundial; o País busca, através
da liderança do Presidente Lula, como nunca houve na história da República do
Brasil, um líder que coloca junto com a aliança de outros países do Terceiro
Mundo, o papel que o Brasil merece. É isso que nós temos que ver.
Nós acabamos de aprovar no Congresso Nacional a Lei
das Parcerias Público-Privadas, porque entendemos que não há Partido, que não
há governante que faça tudo sozinho, temos de construir alianças sólidas do
ponto de vista de uma gestão. E a usina de Monte Claro, que foi inaugurada
ontem, é um prenúncio dessa legislação que acabamos de aprovar. Essa usina foi
concebida na gestão do Sr. Olívio Dutra, na gestão da então Secretária de Minas
e Energia do Rio Grande do Sul, Dilma. É verdade que houve outros governantes e
legisladores que pensaram projetos como esse; agora, que o Brasil vai no
caminho certo só não reconhece quem não quer. E isso veio para a gestão pública
municipal.
O Ver. Mauro Zacher aqui esteve anteriormente
trazendo a sua indicação para a Secretaria da Juventude, que queremos criar. Eu
creio que esta Casa tem que se posicionar: se está havendo uma reforma
administrativa, proposta pelo Prefeito Fogaça, eu entendi que a votação que foi
feita aqui na Casa, criando a Secretaria de Gestão, é um modelo. Por que,
então, contratar uma consultoria externa? É uma contradição! O Governo tem um
modelo de gestão ou não tem um modelo de gestão a ser apresentado? Nós, desta
Casa, queremos conhecer esse modelo de gestão - que para cá ele seja trazido.
Isso que referi é a primeira contradição.
Segunda contradição: se é para valorizar o
funcionalismo público, por que contratar um sistema de consultoria externa,
como a executada em Minas Gerais, onde os funcionários públicos foram
arrochados, não ganharam reposição salarial em nenhum momento?
Digo aqui e vou cobrar nesta Casa o prenúncio para
o funcionalismo público municipal: que a linha de aplicação é essa.
A Srª
Maristela Maffei: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Comassetto, eu acho que numa questão o Ver. Luiz Braz tem razão, mas eu
quero atualizá-lo: a idealização desse projeto não tem dez anos, Ver. Luiz
Braz, tem cinqüenta anos! A diferença é que foi no Governo Olívio Dutra que se
formou o consórcio, foi montado o consórcio e foi licitado. Assim como com a 3ª
Perimetral, também havia essa média, e quem a fez fomos nós. Só para esclarecer
o nobre Vereador de que, às vezes, ele passa informações de forma muito
perversa. E nós vamos continuar dialogando, porque esta Casa nós temos que
tratar de forma que não falte decoro. Essa é a interpretação que faço em
relação à fala do Ver. Luiz Braz.
O SR.
COMASSETTO: Obrigado, Verª Maristela.
Sr. Presidente, para concluir, eu quero dizer a
todos os colegas da Casa: a nossa Bancada e este Vereador que aqui se
apresenta, do Partido dos Trabalhadores, não são uma oposição raivosa; nós
temos a postura de uma oposição propositiva para construir a melhor cidade que
nós já temos hoje no Brasil, que é Porto Alegre. Assim atuaremos e
continuaremos a nos posicionar publicamente. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) O Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações.
(Pausa.) O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O
Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. José Ismael
Heinen está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) A Verª Manuela está com a
palavra em Comunicações. (Pausa.) A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.
(Pausa.) A Verª Margarete Moraes está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O
Ver. Mario Fraga está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) A Verª Mônica
Leal está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) A Verª Neuza Canabarro está
com a palavra em Comunicações.
A SRA. NEUZA
CANABARRO: Sr. Presidente, nobres Vereadores, ouvi atentamente os pronunciamentos
daqueles Vereadores que me antecederam e considero que hoje eu sou uma
privilegiada, porque não mais assisto à Sessão como telespectadora, tenho a
oportunidade de vir até aqui.
Nós iniciamos hoje esta Sessão com uma denúncia de
racismo, e eu diria que a grande imoralidade na nossa sociedade é dizer que
aqui não existe racismo. Aqui existe e é muito pior do que se possa imaginar.
Eu falo de cátedra. Por quê? Porque sou casada com um homem negro. Ver. Luiz
Braz, o que nós passamos na Prefeitura e no Governo do Estado nada mais é do
que racismo! Porque um negro chegou à Prefeitura e chegou ao Governo do Estado,
e isso não é perdoado. É questão de cultura. Quando se diz: “Chegou até aí,
desaparece o racismo.” Não, não desaparece, o negro continua.
Há dois anos, nós fomos a uma festa de uma pessoa
da sociedade que trouxe a Fafá de Belém, que é amiga pessoal do Collares,
inclusive prestou-lhe uma homenagem, alguns Vereadores estavam lá presentes. Na
entrada da recepção, havia as recepcionistas, três moças de cada lado, com a
relação de convidados. Nós fomos acompanhados por um casal de Assessores,
Assessores nossos, que são amigos pessoais do aniversariante. Quando entramos,
alguém pegou o Collares pelo braço, ele ficou retido, e nós fomos passando.
Passamos sem sequer perguntarem o nome, nem o meu, nem dos dois Assessores.
Quando ele foi passar, a menina botou o braço na frente dele e perguntou: “E o
senhor aonde vai? Aonde pensa que vai?” Ele disse: “Eu sou convidado”. “Qual é
o seu nome?” O Collares virou para ela e disse: “Gumercindo Saraiva, minha
filha”, claro que ironizando. Ela olhou a relação e disse: “Não consta”, e a
esposa do nosso Assessor, que é o Régis Leal, a Tita, volta e diz: “Mas, minha
filha, tu não conheces o Deputado Collares?” Ela respondeu: “Não, não conheço,
Gumercindo Saraiva não tem aqui”. Ela não entendeu. Então, vejam bem, por que
atacaram o negro e não atacaram os outros? O racismo existe.
Eu estive nos Estados Unidos a convite oficial do
Governo americano para apresentar o Calendário Rotativo, e, na Universidade
Martin Luther King, o Reitor perguntou-me: “Existe racismo?” Ele era
indiferente, ali, à minha participação, e eu disse: “Existe, sim”. Aí ele
chegou mais para frente, aquele negrão de cabelo branco, e me disse: “É a
primeira brasileira a dizer que existe racismo, e é uma mulher branca. Por que
razão isso?” Eu respondi: “Por uma única razão: sou casada com um negro, sou
branca e senti na carne”.
E o que eu passei aqui passei exatamente porque nós
desafiamos toda a cultura machista gaúcha; era um negro e uma mulher que podia
participar ombro a ombro. E eu sempre digo que defendo a mulher, mas defendo a
igualdade de condições com o homem pela competência e pela postura. E, hoje,
quando eu chegava a esta Casa, Ver. Bernardino, me disseram: “Que elegância!”
Não, eu estou à altura dos meus colegas que vêm de terno e gravata, porque o
art. 216 do nosso Regimento Interno diz o quê? É dever do Vereador comparecer
em traje social completo; eu não estou arrumada como para ir à piscina ou para
fazer compra no mercado. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Paulo
Odone está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) A Verª Sofia Cavedon está
com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Professor Garcia está com a
palavra em Comunicações.
O SR.
PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, ontem nós tivemos a oportunidade de reunir, aqui na Câmara
Municipal de Porto Alegre, os Vereadores do PSB eleitos no ano de 2004 e que
assumiram a nova Legislatura de 2005 a 2008; o PSB, no Estado, elegeu 86
Vereadores e 9 Prefeituras. Ontem, nós tivemos a oportunidade, com os
Vereadores, de trocar algumas idéias: primeiro, para os novos Vereadores,
orientações sobre normas e técnicas legislativas, sobre questões de redações de
projetos, como se elabora um projeto.
Tivemos também a oportunidade de uma palestra sobre
a questão da mídia e o Legislativo, em que foram colocadas as várias visões da
mídia: a questão da comunicação social; a questão da relação do Vereador com a
imprensa; a relação do Vereador e a comunidade; as formas de interlocuções,
seja através de panfleto, de rádio comunitário, de megafone ou de som de carro.
Quer dizer, as várias formas de comunicação com o exterior foram levantadas.
Foram apresentadas idéias para os Vereadores, e
estavam presentes a Vice-Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher,
Srª Rosa Garcia, e a Vice-Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da
Mulher, Srª Maria Odete, as duas sugerindo aos Vereadores daqueles Municípios
menores que ainda não tem o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher que isso
pudesse ser incluído. Houve palestras para os Srs. Vereadores, e a ex-Deputada
Maria Augusta Feldman veio falar sobre a questão da AGERT e da relação dos
serviços com o Legislativo, por exemplo, informando que os Vereadores, em seus
Municípios, quando há algumas demandas, sejam elas tarifárias, questão das
rodoviárias, seja a própria questão da luz, da água e da telefonia, podem
entrar em contanto. Então, foi uma aproximação.
Ficou também acertada entre nós, Vereadores do PSB,
a formação de um banco de dados, banco de projetos. O que nós queremos fazer?
Que o pensamento global do Rio Grande do Sul, nos seus diversos municípios,
possa ser compilado para uma central. E ficou acertado que a Bancada, aqui na
Câmara, vai centralizar esses diversos projetos, e nós vamos tentar ter
identidade única. Por exemplo, aqueles projetos que são de relevância social
podem ser apresentados em Porto Alegre ou em Criciumal - de onde havia quatro
Vereadores -, para disseminarmos aquilo que for bom para a sociedade. Então,
acho que isso foi um grande avanço, queríamos trazer de público esse relato.
Foi apresentada a questão do sindicalismo, veio o
Presidente do Sindiágua falar sobre a questão sindical e o envolvimento com o
Legislativo. A reunião iniciou às 14h e terminou às 20h30min. Os Vereadores
novos saíram empolgados, e os mais antigos saíram com o compromisso de ajudar
os mais novos; as proposições de alteração da Lei Orgânica dos Municípios e do
Regimento Interno foram amplamente discutidas. O que se procurou, de forma mais
salutar, é dar uma unidade, em termos de conceitos, aos diversos Vereadores.
Isso é muito bom, porque queremos mostrar a cara do Partido e aquilo que ele
pensa.
Colocamos também, como pauta de discussão, o
programa Parceria Público-Privada: o PSB quer discutir, sim, o que é e como vai
ser o programa Parceria Público-Privada. Nós queremos saber quanto o Poder
Público vai investir e quanto vem da iniciativa privada, para não cairmos, mais
uma vez, numa possível armadilha, em que o Governo entra com tudo, mas quem vai
se beneficiar muitas vezes é só o setor privado. Então, nós queremos, sim,
discutir isso.
Foi uma tarde muito proveitosa, e eu acho que quem
lucrou com isso foi a totalidade dos Vereadores do PSB. Sr. Presidente, eu
gostaria, já que estou na tribuna, de utilizar meu tempo de Liderança.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR.
PROFESSOR GARCIA: Primeiramente, eu quero fazer um agradecimento ao
Prefeito Fogaça, que, na sexta-feira, me ligou comunicando que a primeira lei
sancionada no seu Governo foi de nossa autoria, o Projeto Disque-Solidariedade.
E ainda, pelo telefone, ele disse: “Ver. Garcia, gostaria que o senhor entrasse
em contato com o Presidente da FASC e ajudasse na implantação do Projeto”. Eu
disse: “Mas eu sou do Legislativo.” Ele disse: “V. Exª realmente é do
Legislativo, mas, como proponente e autor da lei, eu, como Prefeito, gostaria que pudesse ajudar na implementação da lei.” E
não vamos nos furtar, dissemos para ele que vamos marcar a reunião com o
Presidente da FASC, Pastor Nilo, para discutir o Projeto, hoje lei.
Para
os Vereadores e aqueles que nos assistem em suas casas, explico o que é o
Disque-Solidariedade. É um Projeto de alta relevância social, porque
possibilita que qualquer cidadão, pessoa física ou jurídica, dentro do
Município de Porto Alegre, faça algum tipo de doação, dos mais diversos tipos,
como, por exemplo, gêneros alimentícios não-perecíveis, material de construção
- tijolo, telha, argamassa -, móveis, roupas, órteses, próteses, uma infinidade
de materiais que poderão ser doados. Tão logo esteja disponível o telefone do
Disque-Solidariedade, que vai ser divulgado para a população da Cidade, o
material será buscado por alguém da Fundação de Assistência Social e
Comunitária, que, juntamente com o Conselho Municipal de Assistência Social,
irá gerenciar esse material entregue às associações comunitárias credenciadas
junto à FASC. Também colocamos na lei que a FASC, a cada três meses, deverá
publicar quais as entidades beneficiadas e qual tipo de beneficiamento.
Entendemos
que essa lei tem uma grande relevância social e queríamos agradecer a
deferência do Prefeito Fogaça, pois a primeira lei a ser sancionada será uma
lei de nossa autoria.
E,
no tempo que me resta, Sr. Presidente, volto ao assunto que tem me incomodado
bastante. Eu sou ligado à área da educação, e seguidamente chegam pessoas ao
nosso gabinete solicitando bolsas de estudo. Sabemos das dificuldades, tive uma
ligação com o IPA, onde fui Diretor durante 12 anos da Faculdade de Educação
Física, mas, na realidade, criou-se, no nosso País, um número tão grande de
faculdades que hoje só não entra no Ensino Superior quem não pode pagar. Só que
a realidade é que a grande maioria do povo brasileiro não tem como pagar.
Então, as pessoas são levadas a fazer um
vestibular, acabam passando nas faculdades privadas, devido à grande quantidade
delas, só que não conseguem permanecer, porque o custo é elevado. Então, na
realidade, temos de criar outros mecanismos. Por exemplo, em relação ao ProUni
- Programa Universidade para Todos -, tão discutido, tem de ter feito o exame
do ENEM. Ora, todos nós sabemos que, durante muitos anos, houve toda uma
manifestação de boicotar o ENEM. Na realidade, tem de se fazer por renda, por
questão social, por carência, e aqueles mais carentes vão ser priorizados
porque, ainda, a forma - a não ser que se ganhe na loteria - de ascensão social
de uma população é através da oportunidade do ensino, da educação, transformar
isso em conhecimento para que as pessoas possam ter oportunidade de ascender
socialmente e ingressar nas mais diversas formas do mercado.
Vejo que está sendo feito com a população do nosso
Brasil um grande crime, provocando, inclusive, muitas vezes, brigas internas na
família porque os jovens não conseguem conceber porque eles passam em uma
faculdade e não conseguem pagar.
Então, isso é uma dificuldade para quem é jovem,
para quem é aluno, mas também é uma dificuldade maior para quem é pai, mãe, que
quer dar o melhor para os seus filhos, mas não consegue porque isso é uma farsa
que vivemos dentro do nosso País. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Solicito ao 2º Secretário da Casa, Ver. Luiz Braz,
que assuma a direção dos trabalhos.
(O Ver. Luiz Braz assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Tempo
de Presidente.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES: Ver. Luiz Braz, no exercício da direção dos trabalhos, Srs. Vereadores,
Sras Vereadoras, nós deveremos ser convocados, possivelmente, para a
semana que vem, talvez na próxima quarta-feira. Eu ainda não tenho nenhuma
solicitação oficial, não há nenhum requerimento. Extra-oficialmente, esta
Presidência vem tendo essa informação sobre a convocação da Casa.
Estamos no período de recesso, que não é férias. Eu
sempre gosto de esclarecer isso, porque hoje, 12 de janeiro, estão aqui os
Vereadores, na Reunião Representativa, debatendo, tratando assuntos do
interesse da comunidade e da Cidade. Esse é o nosso trabalho. A Casa e os
gabinetes estão todos funcionando, os Vereadores estão tratando daquilo que é
da natureza da Vereança. Por que informo à Casa? A convocação extraordinária
obriga o Vereador a estar na Sessão, dada a sua natureza, e as implicações que
daí decorrem. É outro dado para mostrar também... Aproveito este momento para
dizer que, quando se fala em férias, o Vereador não tem férias. O Vereador usa
dias, dentro do recesso, a seu critério, para descansar, afinal de contas ele
não é de ferro, e é natural, ele tem que fazer. Eu acho que todo o trabalho,
toda a atividade, seja ela de que ordem for, precisa de descanso. Então, nós
possivelmente estaremos aqui reunidos em convocação extraordinária na próxima
quarta-feira, porque muitas vezes, neste período, os Srs. Vereadores e as Sras.
Vereadoras podem programar alguma saída seja em Porto Alegre ou fora de Porto
Alegre. Então ficamos com esse pré-aviso, por assim dizer, alertas para uma
possível, quase certa convocação para a próxima quarta-feira.
Por outro lado, eu gostaria de dizer que nós
estamos com essa composição que fizemos com todos os Partidos participando da
Administração da Casa, nas suas mais diferentes áreas, nós ainda continuamos
discutindo essa matéria, fazendo os ajustes e as composições, temos tempo para
isso e vamos levar mais tempo até que haja o mais absoluto e rigoroso
entendimento sobre isso. Então, nós estamos nos reunindo quase que diariamente,
no sentido de fazer composição da Casa, no tocante às definições de Mesa, quem
participa, os Partidos que participam da Mesa durante o quadriênio, os que
participam das Comissões na Legislatura, os cargos diretivos da Casa. Então,
tudo isso está sendo trabalhado, e nós pretendemos, se possível esta semana
ainda, equacionar definitivamente esse aspecto para que, a partir daí,
ajustados com todas as instâncias dos setores da Casa, comecemos a nos
preocupar com outras questões importantes.
Eu quero dizer que estou, juntamente com a Mesa,
envidando providências, porque nós queremos trazer à Casa, o que da Casa se
afastou, que foi a imprensa. Eu lembro - sou Vereador de Legislaturas passadas
- que na Casa, diariamente, compareciam os mais diferentes órgãos de
comunicação: RBS, Caldas Júnior, PAMPA, BAND, o Jornal do Comércio; enfim,
tantos e tantos outros órgãos de comunicação que vinham à Casa, também a mídia
televisada, escrita, falada, as rádios. Nós tínhamos na Casa, para os Srs.
Vereadores terem uma idéia, setoristas, lembro de alguns, como o jornalista, já
falecido, Melchíades Stricher, jornalista da RBS; o Elcir Silveira, da Caldas
Júnior; a Nelcira Nascimento - que tem vindo à Casa -, que também cobria com
matérias, e outros jornalistas de rádio e televisão.
Nós queremos, a partir da semana que vem,
desenvolver uma série de visitas a esses órgãos da comunicação social, para
exatamente vermos as possibilidades que temos, o que fazer para que esses
órgãos venham à Casa fazer as coberturas, porque é aqui que se decide
rigorosamente o destino da Cidade, pois toda e qualquer iniciativa de
significado vêm para a Câmara. O Prefeito encaminha à Câmara questões das mais
importantes, e é a Câmara que decide. É um espaço importante da Cidade; aqui
está representada a vontade plural da cidade de Porto Alegre. Todos os setores
do pensamento político-ideológico da Cidade estão aqui. A Casa é integralidade.
O Executivo, nas Capitais de eleições de dois turnos, tem a maioria absoluta.
Nós, não. As Câmaras - e estou falando da Câmara Municipal, mas poderia falar
do Congresso, da Assembléia - são exatamente a representação do povo. Nós,
aqui, falamos em nome do povo. Este é exatamente o fórum mais importante da
cidade de Porto Alegre. É onde se dá o dia-a-dia do cidadão. É a questão da
água, da infra-estrutura, do transporte. As pessoas já saem de casa enfrentando
a questão municipal. Então, a importância do poder local, a importância dessas
organizações de natureza provincial, municipal, seja como for, é muito grande
hoje na América, no mundo.
Nessas nossas caminhadas nós queremos discutir com
os meios de comunicação, para que se faça a cobertura que se fazia no passado,
porque um dos grandes princípios da democracia é a transparência. E quem faz a
transparência? É a mídia. Numa sociedade de massa, quem comunica à massa, das
mais diferentes formas, é a imprensa. Nós, por mais organizados que possamos
ser, mandando boletins, isso ou aquilo, mandando funcionários visitar as
comunidades, nós mesmos indo até as comunidades para dizer: “Olha, está
acontecendo isso”, não conseguimos, e os meios de comunicação, a mídia, sim;
esta tem condições de cumprir o princípio fundamental da democracia, que é a
transparência. O cidadão tem o direito subjetivo à comunicação, a ser
comunicado do que ocorre com a sua Cidade, com os seus interesses. Então, são
formas de fiscalização. Na medida em que a imprensa vem à Casa e aqui informa
isso, comunica aquilo, ela está fazendo a fiscalização também, porque nós
fiscalizamos e somos fiscalizados. Esta é uma Casa republicana.
O Partido dos Trabalhadores governou por 16 anos
com minoria - olhem só, esse dado é importante -, e à Cidade, à sua comunidade,
jamais faltou a Câmara. Quando se vêem as manifestações pelas Assembléias
Legislativas e pelo Congresso Nacional, onde há diversas dificuldades, onde têm
de trocar vantagens para cá, vantagens para lá - essa é a realidade brasileira
-, sabe o que eu tenho dito? “Faz-se necessário que o Brasil parlamentar, por
assim dizer, venha fazer um estágio na Câmara Municipal de Porto Alegre, porque
aqui reina esse espírito cívico que busca exatamente atender àquilo que
interessa à comunidade e à população, independentemente do governante.”
Portanto, fica aqui, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, a nossa manifestação para dizer que, possivelmente, na semana que
vem, estaremos sendo convocados para uma ou duas Sessões Extraordinárias para
enfrentar questões do interesse do Executivo Municipal. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Passo a presidência ao Ver. Elói Guimarães.
(O Ver. Elói Guimarães reassume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; meus colegas
Vereadores e colegas Vereadoras, na semana passada ficou aqui um debate
não-conclusivo levantado pela Bancada do PT sobre a questão de impostos no
País, Verª Neuza. Eu comecei o debate, e o tempo era curto, mas quero retomar
esse debate. Se eu analisar a história da República Brasileira, da República
Velha, da República Nova, do velho Império, chegando onde estamos hoje com o
Governo do Presidente Lula, verei que este Governo tem uma voracidade enorme
por impostos. Primeiro, fez um remendão enorme, numa chamada Reforma
Tributária, que, na verdade, foi um remendo para concentrar dinheiro na mão da
União, para pagar a “banqueirada” internacional.
Agora, quero falar de uma questão pontual, porque
há um verdadeiro clamor popular, especialmente da classe média, Verª Neuza,
para que haja uma correção na tabela do Imposto de Renda. E acabou acontecendo
uma Medida Provisória, que os jornais alardearam como uma grande medida
aliviadora da classe média, editada no dia 30 de dezembro, publicada no dia 2
de janeiro, dizendo: “Nós vamos conceder 10% na correção do Imposto de Renda.”
Aí eu vou lá e pego a Medida Provisória e vejo que eles contrabandearam para a
Medida Provisória o quê? Elevou-se de 32% para 40% a base de cálculos ao
prestador de serviços. Isso significa, Ver. Elói, um aumento de 25% nesse item.
Aí eu começo a remontar esse cenário, porque ele
está contextualizado, ele está elencado com outras questões. E eu me lembro
muito bem - esta Casa e seus Vereadores também lembram - de que, quando, por
exemplo, o Governo Lula desonerou o PIS/Pasep para as importações, ela era de
0,65% para as questões de alíquotas internas, ele passou para 1,65%. Então, ele
tirou de um lado e colocou do outro, isso já é uma prática. Aí eu podia
remontar, Ver. Luiz Braz, que o Cofins neste País - quanto é? De 3% para as
empresas? - passou para 7,5%, também para as alíquotas internas. Então, na
verdade, está-se repetindo aqui uma prática deste Governo, e a sua Bancada vem
aqui fazer uma crítica feroz ao Governo Rigotto, que está aí em um estado de
necessidade, em legítima defesa da sobrevivência administrativa, porque o Rio
Grande está sendo espoliado, muito mais do que foi lá em 1835, porque se lançou
numa guerra farrapa para lutar por autonomia federativa.
Eu podia trazer aqui, Verª Neuza Canabarro, por
exemplo, que as exportações, a Lei Kandir, devem ao Rio Grande 1 bilhão e 400
milhões de reais, que deveriam vir neste ano. Quatrocentos milhões não vão vir,
portanto um bilhão é surrupiado dos cofres do Rio Grande do Sul, dinheiro dos
gaúchos e das gaúchas. E alguém há de dizer que a Lei Kandir não está correta;
é correta, porque eu nunca vi países do mundo exportarem imposto. Não se
importa nem se exporta imposto. E essa lei foi feita para haver compensações
para os Estados exportadores.
O Governo da República reconhece muitas dívidas com
o Rio Grande que vêm de Governos anteriores. Verª Neuza Canabarro, eu me
lembro, no Governo do Pedro Simon, do Governo do Alceu Collares, quanto
dinheiro público foi utilizado para a Reforma Agrária, que é de competência
exclusiva do Governo da União. E a União sempre diz: “Nós vamos pagar, nós
reconhecemos”, mas nunca pagam!
Então, eu quero devolver a este debate, evidente,
Ver. Comassetto, Ver. Carlos Todeschini, Verª Maristela Maffei - e não tenho
nenhuma dificuldade em enfrentar isso e quero fazer este debate - que o grande
leão deste País se chama Governo Lula. Este Governo aumentou a carga tributária
enormemente em todos os sentidos; as Receitas compartilhadas neste Governo, ou
seja, aquelas que eram arrecadadas e divididas com os Municípios e com os
Estados vêm diminuindo geometricamente, e aquelas que não são compartilhadas
crescem geometricamente na mão da União.
Este debate é difícil de ser produzido num período
de cinco minutos. Eu acho que esta Casa poderia propor, Sr. Presidente, um
grande debate sobre essa questão tributária. Eu vou sugerir isto para a
Comissão de Finanças e Orçamento, vou fazer esta sugestão: eu acho que
deveríamos produzir um seminário aqui na Câmara de Vereadores. Vou fazer esse
Requerimento, vou falar com o Presidente João Antonio Dib, falar com os
companheiros da Comissão de Finanças. Acho que esse é um grande debate, vamos
trazer aqui o Ministro Palocci, vamos trazer o Secretário Michelucci, vamos
trazer aqui o ex-Secretário da Fazenda do Município, Ricardo Collar; o atual
Secretário, Cristiano Tatsch, vamos fazer um grande fórum, porque senão fica
esse diz-que-diz-que. Mas eu tenho a consciência tranqüila, o grande vilão
dessa história não é o Governo do Estado, que, por legítima defesa de sobrevivência,
de pagar os funcionários, de pagar os fornecedores, foi obrigado a “cortar da
própria carne”. Quem está levando, efetivamente, o grande bolo tributário deste
País chama-se Governo Luiz Inácio FHC da Silva. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maristela Maffei está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA.
MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, senhoras e senhores, estamos aqui para dialogar com a população de
Porto Alegre através do Canal 16 e também com as pessoas que estão aqui nos
ouvindo, todos nós somos sabedores de que o Governo Lula, quando foi eleito,
não obteve a maioria no Senado. Portanto, o Governo Lula, além da sua
competência técnica, tem-se saído politicamente de uma forma magistral, pois
consegue trabalhar com a governabilidade.
O Ver. Sebastião Melo, que ainda está aqui nos
ouvindo, faz parte das três esferas: ele compõe o Governo Federal, na
governabilidade que eu citava agora; o Governo Estadual, com o Governador
Rigotto; e, atualmente, o Governo do Prefeito Fogaça. Então, o companheiro Ver.
Sebastião Melo é um construtor das políticas que nós vimos traduzindo
principalmente através da União. Nós estamos perplexos! Eu me lembro, Ver.
Sebastião Melo, da sua Bancada na Assembléia Legislativa, quando o grande
Governador Olívio Dutra quis propor um aumento de 1% no ICMS! Ele era chamado
por V. Exª inclusive, aqui, de traidor da população, do empresariado e também
dos trabalhadores.
O povo tem memória, Ver. Sebastião Melo. Agora,
mais do que isso, está aqui a lista dos verdadeiros traidores deste Estado que,
num golpe de supremacia, por ter a maioria na Assembléia Legislativa... E não
apenas nós dizemos isso. Está aqui no jornal (Mostra jornal. Lê.): “Decreto do
ICMS acirra crise entre PP e Rigotto”. Outros mais, tantos; mas aqui está a
lista de seus Parlamentares do PMDB que votaram favoravelmente. E eu quero até
traduzir alguns trechos citados nos nossos mais importantes jornais de
circulação (Lê.): “A forma” - indica assim - “concentra, distorce, cada vez
mais, a arrecadação em três itens: cobra na fonte, não precisa de esforço de
fiscalização, só cobra de quem é indefeso. A lei aprovada só resolve o problema
do caixa do Governo atual até 2006. O aumento da carga tributária através da
tributação dos principais serviços de consumo da população é a forma mais
perversa de arrecadação de impostos. As contas de telefone, de luz, de gasolina
representam muito mais no bolso do micro e pequeno empresário”.
E aqui eu quero fazer uma citação à minha colega
Parlamentar, Verª Maristela Meneghetti, que é do PFL, que votou com o Projeto e
que vem aqui... Mas, é claro, a base do convencimento do seu eleitorado foi de
fazer Projetos para diminuir os impostos. E agora Vereadora? Como é que fica?
Bem tem razão o Ver. Luiz Braz, Ver. Sebastião Melo, entre o discurso e a
prática aqui se mostra quem é quem, porque não existe filosofia no mundo em que
a prática não desfaça, quando a gente coloca as contradições.
Então a iniciativa, obviamente, desagradou
inclusive, Vereador, os defensores do Estado mínimo. Na verdade, nós sabemos
que quem vai arcar com isso são os pequenos e médios empreendedores, são
aqueles que geram empregos neste Estado, neste País. E V. Exª, Vereador, com
todo o respeito, vem aqui dizer que o grande leão é o Presidente Lula? Quando o
Presidente Lula arcou com as responsabilidades assinadas antes da sua eleição
com o FMI e cumpriu com alguns compromissos que eram fundamentais para a
continuidade da governabilidade deste País. E nós vamos entrar no segundo
Governo Lula dando respostas muito mais precisas do nosso Projeto. E a
população hoje já está convencida de que nós, realmente, Vereador, viemos para
refazer a história deste País. E eu fico feliz que, em algum ponto, V. Exª está
conosco. Agora, o que nos entristece é que V. Exª, que está nas três esferas de
Poder, quer continuar apenas com um discurso de oposição. V. Exª tem de se dar
conta de que é situação no País inteiro, de “cabo a rabo” - desculpe-me a
expressão.
Então vamos assumir os nossos lugares, os nossos
ônus, porque isso é estar na governabilidade, é estar com a responsabilidade
que a política exige de todos nós. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião.
(Encerra-se a Reunião às 12h02min.)
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